Agora, apresento-lhes um texto com o intuito de explorar a construção conceitual de espaço e paisagem. Essas palavras aparecem corriqueiramente em mesas de debate de Geografia.
Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. [...] A paisagem se dá como um conjunto de objetos reais-concretos. Nesse sentido a paisagem é transtemporal, juntando objetos passados e presentes, uma construção transversal. O espaço é sempre um presente, uma construção horizontal, uma situação única (SANTOS, 2002, p. 103).
Portanto, a paisagem é resultado das diversas formas que a construíram no decorrer do tempo; já o espaço é a função atual das formas que compõem a paisagem. Então, mais especificamente, pode-se avaliar que o espaço é permeado de elementos que se interligam, construindo assim a identidade econômica, política e social de determinado lugar.
É importante frisar que o espaço é resultante da sua ininterrupta construção, que são diretamente ligadas ao passado. Para a ciência geográfica, o espaço é consistente e tem sentido por causa da sociedade, necessariamente contextualizadas, como afirma Castro (2006), no tempo e no espaço. Ou seja: as pessoas, com suas contradições, conflitos, desejos e impulsos, modificam o espaço e estruturam o espaço geográfico de acordo com seus anseios e necessidades grupais.
É possível afirmar, portanto, que as interações espaciais são complexos conjuntos de deslocamento de produtos, capital, informação e de pessoas sobre o espaço geográfico. Dessa maneira:
[...] as interações espaciais devem ser vistas como parte integrante da existência (e reprodução) e do processo de transformação social e não como puros e simples deslocamento de pessoas, mercadorias, capital e informação no espaço. No que se refere à existência e reprodução social, as interações espaciais refletem as diferenças de lugares face às necessidades historicamente identificadas (CORRÊA, 2006, p. 280).
Sendo assim, a interação apresenta diferentes graus de intensidade, conforme o propósito e o local onde ela é realizada.Portanto, o debate sobre espaço promovido pela Geografia abre a discussão da importância da dinâmica existente entre os diversos tipos de agentes atuantes na construção do local, pois é o grupo social interligado que cria unidades espaciais que se distinguem pelas tradições, crenças, comportamentos, economia, políticas e valores.
Referências
CASTRO, I. E. de. Imaginário político e território: natureza, regionalismo e representação. IN: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da. C; CORRÊA, R. L. Explorações geográficas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
CORRÊA, R. L. Interações espaciais. IN: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da. C; CORRÊA, R. L. Explorações geográficas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
SANTOS, M.. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002
Quer referenciar esse texto? CARVALHO, D. C. M. de. Espaço, paisagem e interações espaciais.... é tudo a mesma coisa?. 2012. Homepage de internet. Disponível em: http://geoetudomais.blogspot.com/2012/09/espaco-paisagem-e-interacoes-espaciais.html.
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